Um dia conheci o sabor
O misterioso néctar proibido
Através do pecado, o castigo, a dor
Bem como do saber mais vivido.
Tropecei, então, no óbvio
Fiz-me entender, em vão
Tive os olhos vermelhos do ópio
A morfina e o vinho carrascão.
Brincadeira puxa brincadeira
E os anos vão passando
Como que água a correr da torneira
Ou a nuvem que se vai libertando.
Mais um bafo, mais uma passa
Mais um cigarro fumado
A vida que me enlaça
Cheira a charuto queimado.
Os vícios mais cruéis
A vergonha alheia
A pele que hoje lambeis
Sabe ao doce néctar de abelha.