quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O mais alto homem salivou
De gula se incentivou
Ao ver a pureza da menina
A mais inocente alma altiva.

A imaculada princesa olhou
Tremeu, ao ver o perigo
Mal ela sabia o que lhe calhou
Quando cruzou o olhar bandido.

Ninguém por perto se importou
Os gritos de socorro e de pânico
O homem, mal a violou
E da menina brotou o sorriso satânico.

Hoje em dia já é adulta
Fria, e até cruel
A inocência mais oculta
Tão frágil como papel.

Loucas, as vozes colossais
Ela, um sorriso descontrolado
Eles, com olhares sensuais
E o sentimento desligado.

Entrelaçam os pontos sexuais
Desenham linhas eróticas
O suor, os tremores corporais
Banhando-se em frios transversais
Abraçando entidades platónicas.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Néctar

Um dia conheci o sabor
O misterioso néctar proibido
Através do pecado, o castigo, a dor
Bem como do saber mais vivido.

Tropecei, então, no óbvio
Fiz-me entender, em vão
Tive os olhos vermelhos do ópio
A morfina e o vinho carrascão.

Brincadeira puxa brincadeira
E os anos vão passando
Como que água a correr da torneira
Ou a nuvem que se vai libertando.

Mais um bafo, mais uma passa
Mais um cigarro fumado
A vida que me enlaça
Cheira a charuto queimado.

Os vícios mais cruéis
A vergonha alheia
A pele que hoje lambeis
Sabe ao doce néctar de abelha.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Ainda sei tão bem o cheiro do teu quarto

Ainda sei tão bem o cheiro do teu quarto
Bem como a assinatura do nosso contrato!
Oh! Esquecer a cama fora do estrado?
Quando adormecias a meu lado...

Criámos um mundo!
Ai, se criámos...
O teu corpo no meu,
moribundo...



Meu Deus, era o pináculo!

Do tempo... Sim! Do tempo só nosso
Não morria nem andava
Tinhamo-lo em nossa posse!



Perdoa-me a indiscrição da saudade permanente
Ai, mas que insistente!
Tê-la-ei guardado em minha mente?
Não tenciono que seja para sempre!



Mudemos e recomecemos
Algo que em tempos abandonámos!



E que saudades terei eu, que não tenhas também?
Não acredito!
Eu só quero a oportunidade, oh, que quero mesmo!
Perdoa-me a indisciplina descomunal, está-me a dar para estes lados...
Que hei-de eu fazer se não dar ouvidos a estes meus quereres mais profundos?


O medo não será só teu...
Tentemos!
Quiçá não haverá melhores dias?